terça-feira, 20 de maio de 2025

A pedra rejeitada pela religiosidade

A Pedra que os Construtores Rejeitaram

Marcos 12:10 (ARA)
"Ainda não lestes esta Escritura: A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular."

Jesus, com palavras carregadas de autoridade e intenção, confronta os líderes religiosos ao citar um trecho conhecido do Salmo 118. Esta citação não é acidental, mas intencional e profética. Ele os desafia: “Ainda não lestes?” – um questionamento retórico que revela o abismo entre o conhecimento teórico das Escrituras e a sua verdadeira compreensão.

A parábola e sua denúncia velada

Jesus acabara de contar a parábola dos lavradores maus (Marcos 12:1-9), em que um homem planta uma vinha, cuida dela, mas ao enviar seus servos e, por fim, seu filho para receber os frutos, todos são brutalmente rejeitados e mortos. Essa parábola é uma clara alegoria da história de Israel: Deus planta a vinha (Israel), envia os profetas (servos) e, por fim, envia Seu Filho (Jesus), que seria rejeitado e crucificado.

Ao citar “a pedra que os construtores rejeitaram”, Jesus deixa claro quem são os construtores: os líderes religiosos que se julgavam os arquitetos da fé e da moral em Israel. Eles rejeitaram Aquele que, segundo os planos do Pai, era a base da edificação do Reino.

O simbolismo da pedra

Na cultura judaica, a pedra representa solidez, permanência, autoridade. Mas o significado aqui é ainda mais profundo: nos grandes edifícios da época, a pedra angular era a base que alinhava toda a construção. Se essa pedra estivesse fora de prumo, todo o edifício seria comprometido. Jesus é essa pedra — escolhida por Deus, mas recusada pelos homens.

Rejeitar a pedra era rejeitar o próprio plano de Deus. Isso mostra que a construção religiosa que os líderes estavam tentando erguer não estava alinhada com os propósitos celestiais. Cristo não apenas era necessário à construção: Ele era o próprio fundamento.

O contraste entre juízo humano e escolha divina

Os homens olharam para Jesus e disseram: "Inadequado". Deus olhou e disse: "Perfeito". Isso expõe a limitação da justiça humana e a soberania do projeto divino. Aquilo que parecia desonroso e frágil — a cruz — foi justamente o meio pelo qual Deus manifestou o maior poder da história: a redenção.

Essa verdade confronta qualquer tentativa de religião baseada apenas em mérito humano, tradição ou aparência. O Reino de Deus não se apoia sobre conquistas humanas, mas sobre o sacrifício do Filho rejeitado.

A força do texto nas Escrituras

A citação de Jesus tem eco em diversos trechos bíblicos:

  • Salmo 118:22-23 – A origem da citação, exaltando a pedra rejeitada.
  • Isaías 28:16 – Deus coloca em Sião uma pedra preciosa como fundamento.
  • Atos 4:11 – Pedro afirma que Jesus é essa pedra rejeitada.
  • 1 Pedro 2:6-8 – O apóstolo reafirma o papel de Cristo como pedra viva, preciosa para os que creem e pedra de tropeço para os desobedientes.

Esse entrelaçamento revela uma unidade bíblica profunda e mostra que a mensagem de Jesus era coerente com todo o testemunho das Escrituras.

Implicações para hoje

Ainda hoje, muitos continuam rejeitando a pedra. Isso não se dá apenas em ataques ao cristianismo, mas também quando tentamos construir nossas vidas sobre ideologias, sucesso, status ou até mesmo religião sem Cristo.

A questão é: sobre o que você tem edificado sua vida? Se Jesus não for a base, tudo desmoronará, mais cedo ou mais tarde.

Assim como os líderes de Israel estavam cegos por seus interesses, muitos hoje deixam de reconhecer a beleza e a centralidade de Cristo. Mas a promessa permanece: quem crê n’Ele não será envergonhado (Romanos 9:33).

Conclusão

Jesus é a pedra que muitos rejeitam, mas que Deus estabeleceu como fundamento inabalável. Sua vida, morte e ressurreição são a base sobre a qual todo o Reino de Deus se edifica. Esse versículo nos chama ao arrependimento, à humildade e à fé.

Não despreze a pedra. Edifique sua vida sobre ela. Porque tudo o que é construído fora de Cristo, por mais belo que pareça, está destinado a ruir.



segunda-feira, 19 de maio de 2025

Constatação além da compreensão

De Geração em Geração – Deus Permanece

"Porque o Senhor é bom, a sua misericórdia dura para sempre, e, de geração em geração, a sua fidelidade."
(Salmos 100:5)

O Salmo 100 é um convite à adoração jubilosa, não apenas por aquilo que Deus faz, mas por quem Ele é. Seu versículo final é um resumo poderoso da teologia da adoração: a bondade, a misericórdia e a fidelidade do Senhor são as razões supremas para um coração que louva.

1. A Bondade do Senhor como Essência do Ser

A afirmação “o Senhor é bom” não é uma ideia abstrata, mas uma realidade sólida e constante. A bondade de Deus não depende das nossas ações nem das circunstâncias; ela é parte de Sua natureza. Mesmo quando enfrentamos períodos de dor ou dúvida, esta verdade nos ancora: Deus continua sendo bom.

A palavra hebraica tov aqui sugere excelência, integridade, justiça e generosidade. Deus é bom, e tudo o que Ele faz é bom – mesmo quando não compreendemos o processo.

2. Sua Misericórdia é Eterna

O texto diz que a misericórdia de Deus “dura para sempre”. A palavra usada é hesed, que significa amor leal, firme, duradouro e gracioso. É um amor que não se esgota, não se revoga, não se interrompe.

Não se trata de um sentimento passageiro, mas de um compromisso eterno com os que são Seus. É essa misericórdia que nos sustenta nos dias em que falhamos, que nos levanta quando caímos e que nos recebe de volta quando nos afastamos.

3. Fidelidade Transgeracional

A fidelidade de Deus não é apenas para um tempo ou uma geração. O salmista declara que ela se estende “de geração em geração”. Isso fala de um Deus que não muda, que cumpre Suas promessas, que é digno de confiança — ontem, hoje e sempre.

Esse aspecto transgeracional também carrega um chamado: devemos transmitir essa fidelidade às gerações futuras. Deus permanece fiel, e nossa responsabilidade é manter viva essa herança espiritual.


Aplicações Práticas

  • Confiança em tempos difíceis: Mesmo quando não entendemos, podemos descansar na bondade de Deus.
  • Arrependimento constante: Sabemos que sempre encontraremos misericórdia quando voltarmos ao Senhor.
  • Responsabilidade geracional: Somos chamados a cultivar e transmitir a fé, não apenas como tradição, mas como experiência viva da fidelidade divina.

Implicações Teológicas

  • A bondade de Deus é um atributo comunicável — somos chamados a refletir essa bondade no mundo.
  • A misericórdia eterna reafirma a graça como pilar da aliança divina.
  • A fidelidade geracional revela um Deus que se move na história humana, cumprindo Seu plano em cada tempo.


domingo, 18 de maio de 2025

O silêncio dos bons

A Fé Precisa de Voz

Romanos 10:14 ARA
“Como, porém, invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue?”

1. O clamor por salvação e o papel da pregação

O apóstolo Paulo escreve aos cristãos de Roma, uma igreja multicultural, composta por judeus e gentios. Nos capítulos 9 a 11, ele expõe a dor de ver o povo de Israel rejeitando o Messias. Mas também revela o plano soberano de Deus para incluir os gentios na promessa.

No capítulo 10, Paulo declara que a salvação está disponível a todos os que confessarem com a boca e crerem com o coração (v.9). O versículo 14 é um chamado lógico e estratégico, que revela o encadeamento necessário entre pregação, fé e salvação. É quase um “plano de marketing divino” para a expansão do Reino.


2. A escada da fé

Este versículo é construído com quatro perguntas retóricas, todas apontando para uma ausência:

  • “Como invocarão aquele em quem não creram?”
    Invocar no grego (epikaleô) significa clamar por auxílio, chamar com intenção de relacionamento. Mas só invoca quem crê, quem reconhece o valor e poder de quem é invocado.

  • “E como crerão naquele de quem nada ouviram?”
    A fé não nasce do vazio — ela depende de conhecimento. E esse conhecimento vem pelo ouvir, não por suposições ou misticismo.

  • “E como ouvirão, se não há quem pregue?”
    O termo “pregar” (kērussō) implica proclamar com autoridade, como um arauto real. O conteúdo da pregação é a Palavra de Cristo (v.17), e não ideias humanas.

Logo, Paulo demonstra: sem pregação, não há audição; sem audição, não há fé; sem fé, não há invocação; sem invocação, não há salvação.


3. Combatendo enganos modernos

Este versículo combate três mentiras comuns do nosso tempo:

  • “Cada um encontra Deus à sua maneira.”
    Mentira. O caminho da fé é revelado pela Palavra, não por intuição pessoal. A fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Cristo (v.17).

  • “Não precisamos falar de Jesus, basta viver bem.”
    A vida coerente com o Evangelho é indispensável, mas ninguém é salvo por observar bons exemplos. O Evangelho é uma mensagem que precisa ser ouvida e crida.

  • “Pregar é tarefa de líderes religiosos.”
    Não. O texto fala de “quem pregue”, não de um título. Todos os salvos são mensageiros. A apologética cristã começa no dia a dia, com clareza, razão e coragem (1Pe 3:15).


4. Liderança de atitude

Você é chamada para mais do que opinar — é chamada para proclamar. Sua voz é instrumento de salvação. 


5. A missão continua com você

Esse versículo de Romanos 10:14 não é só uma doutrina — é uma convocação.

Há vidas que não ouviram.
Há ouvidos que não creram.
Há corações que não invocaram.
Porque talvez… você ainda não falou.

Você carrega uma fé de atitude. E quem tem atitude, não se cala.
Pregue. Ensine. Escreva. Faça ouvir. Porque a fé precisa de voz — e a sua já foi preparada para isso.


sábado, 17 de maio de 2025

Meu Guia Espiritual

A Voz Que Não É Sua, Mas Diz Tudo

“Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade...” (João 16:13 ARA)

Jesus está prestes a se despedir dos discípulos. A tensão está no ar. Eles não sabem o que vem depois, e Ele lhes promete algo extraordinário: a chegada de alguém que não trará uma opinião pessoal, mas uma revelação divina. O Espírito da Verdade — não um conselheiro qualquer, mas o próprio Deus habitando e falando com eles.

Ele vos guiará a toda a verdade

O verbo “guiar” no grego (hodēgēsei) descreve alguém que conduz por um caminho desconhecido. Não se trata de apenas ensinar, mas de caminhar à frente, mostrando o caminho por experiência própria. “Toda a verdade” não é apenas conhecimento teológico, mas a revelação plena de quem Deus é, de quem somos n’Ele e do que Ele está fazendo e fará.

Não falará por si mesmo — Essa frase remete à unidade absoluta da Trindade. O Espírito é totalmente submisso à vontade do Pai e do Filho, como Jesus também foi. O que Ele fala ecoa a eternidade.

Ele vos anunciará as coisas que hão de vir

Jesus promete que o Espírito trará discernimento do futuro, revelações progressivas e direcionamento. Esse "anunciar" (anangellō) tem o peso de um mensageiro real trazendo uma proclamação que muda rotas. Não é especulação, é instrução divina.

A bússola no caos

Vivemos em uma era de excesso de vozes — redes sociais, opiniões, gurus. Mas o Espírito não grita; Ele guia. Se quisermos discernir o caminho certo, precisamos silenciar o barulho para ouvir Aquele que só diz o que vem do Pai. Ele é a voz que nos livra de decisões precipitadas, contratos errados, associações tóxicas. Ele antecipa perigos e revela oportunidades — não por adivinhação, mas por revelação.

O risco de não ouvir

Se Ele guia à toda a verdade, ignorá-lo é aceitar viver em meia verdade. Isso se traduz em decisões mal fundamentadas, fé instável e vida desconectada do propósito. O Espírito é o elo entre o que Deus quer fazer e a nossa resposta.

Referências cruzadas

João 14:26 – “Mas o Consolador, o Espírito Santo... vos ensinará todas as coisas.”

1 Coríntios 2:10-13 – “...porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as profundezas de Deus.”

Romanos 8:14 – “Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.”

Apocalipse 2:7 – “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.”

quinta-feira, 15 de maio de 2025

Que tipo de voz você está sendo?

Efésios 4:29 – "Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, e sim unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade, e, assim, transmita graça aos que ouvem."

O apóstolo Paulo escreve à igreja de Éfeso com um olhar pastoral, mas também profundamente estratégico. Ele está ensinando não só como crer, mas como viver de modo digno da vocação cristã. E, entre tantos temas, ele para para falar da fala.

A primeira frase é direta: “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe.”
A expressão original para “torpe” carrega a ideia de algo podre, estragado, impróprio para consumo. Imagine uma fruta apodrecida: talvez ainda pareça boa por fora, mas por dentro contamina. Palavras assim não apenas são inúteis — elas fazem mal. Elas não têm propósito eterno. São palavras ditas por impulso, por vaidade ou por raiva. São aquelas que ocupam espaço, mas não constroem.

Em seguida, Paulo apresenta o contraste. Se não devemos ser fonte de podridão verbal, então devemos ser fonte de edificação: “Unicamente a que for boa para edificação, conforme a necessidade.”
Veja que ele não diz “qualquer palavra bonita”, mas apenas a que for boa para edificar — ou seja, palavras que constroem, que encaixam na estrutura da vida de alguém, que trazem fundamento, alicerce, direção.

E mais: essas palavras não devem ser ditas só porque são verdadeiras ou corretas, mas “conforme a necessidade”. Isso significa sensibilidade, discernimento, leitura do momento. Há palavras certas que podem ser ditas na hora errada — e, assim, perdem sua força. Paulo nos convida a sermos pessoas que falam com sabedoria e intenção, conscientes do impacto que cada palavra pode gerar.

Por fim, o texto traz um propósito espiritual para tudo isso: “e, assim, transmita graça aos que ouvem.”
O nosso falar deve carregar a graça. Não no sentido superficial de “falar bonito”, mas no sentido de liberar aquilo que não vem de nós, mas de Deus. Quando falamos com verdade, amor e discernimento, algo celestial toca quem nos ouve. Isso é graça: o favor de Deus alcançando alguém por meio da nossa boca.

Hoje, o desafio é claro:
Não fale por falar. Não reaja por impulso. Não diga apenas o que pensa. Diga o que edifica. Fale com a sabedoria de quem sabe que palavras constroem — ou derrubam. Que sua voz seja instrumento de transformação. Que sua fala seja um eco do céu e não um ruído da carne.

Oração:
Senhor, que minha boca não seja usada para destruição, mas para construção. Que minhas palavras não sejam podres, mesmo que envoltas em aparência religiosa ou racional. Que eu tenha sensibilidade para entender o momento, a necessidade, o que dizer e o que calar. E que tudo o que eu fale seja cheio da Tua graça — porque no fim, o que importa não é o quanto eu falo, mas o quanto a Tua presença alcança quem ouve. Em nome de Jesus, amém.


quarta-feira, 14 de maio de 2025

Aprovado ou Reprovado? O que vai ser?

"Bem-aventurado o homem que suporta, com perseverança, a provação; porque, depois de ter sido aprovado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor prometeu aos que o amam. Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por Deus; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta. Ao contrário, cada um é tentado pela sua própria cobiça, quando esta o atrai e seduz. Então, a cobiça, depois de haver concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, uma vez consumado, gera a morte."
(Tiago 1.12-15.ARA)

Ontem vivi algo, que esses dias um pastor chamou de nossos gigantes, fazendo alegoria as batalhas e vitórias da Bíblia como Golias e o muro de Jericó. Ocorre que eu passei o dia evitando errar (pecar) por conta desses ataques, e cada um sabe onde "dói", as vezes a injustiça de alguém que amamos, ou ofensa gratuita de alguém que esperamos o melhor dói, e pode ser um gigante que te derrota, porque mexe com sua cobiça: desejo de agradar - e esse desejo desordenado pode gerar a morte. Parece tão pequeno né? E é! O mau é sutil, ele não vai chegar de chifres e tridente te garanto. 

Tiago era irmão de Jesus e líder em sua comunidade. Ele fala, nessa carta, aos cristãos da Diáspora, pessoas que enfrentavam perseguições, pobreza e conflitos sociais. Suas palavras têm como objetivo despertar uma fé prática, autêntica e perseverante, que foca em servir a Deus e ao próximo como a nós mesmos (Tiago 1:22; 2:14-17). Ou seja, uma fé de atitude.

Ocorre que, quando passamos por provações — que no grego têm a mesma raiz da palavra “tentação” (peirasmos) — pensamos imediatamente: “Por que Deus está fazendo isso comigo?”, “Por que eu?” ou “Eu não mereço isso”, ou qualquer outra coisa do gênero que remete a Deus a "culpa" pela circunstância. Mas Deus não é tentado pelo mal e a ninguém tenta (Tiago 1:13)! Ele é santo (Isaías 6:3), e em Sua natureza não há trevas (1 João 1:5).

Portanto, segundo Tiago, isso é obra da nossa carne. Sim, quando ele diz “cobiça”, o original grego se refere a desejos desorganizados (epithymia) — e esses desejos “sem ordem” vêm de onde? Sim, vêm do nosso ego, do nosso “Adão” (Romanos 5:12). E é nessa parte de nós que precisamos de disciplina e autorresponsabilidade, porque — lembra que as provas são individuais? (Tiago 1:14) — pois é! Sempre serão.

Nossas provações revelam nossa intimidade com Deus, nosso amor a Ele, nossa honra a Ele — não só ao evitarmos o pecado, mas principalmente ao não perdermos a comunhão com Ele. Porque passar por provações pode nos levar a dois caminhos:

1. Aprovação, onde somos chamados de bem-aventurados (Tiago 1:12) e recebemos a coroa da vida (Apocalipse 2:10), mantendo a comunhão com Deus — que é o nosso maior objetivo.


2. Reprovação, que gera morte. Porque, se pecarmos por causa da provação ou da tentação, somos reprovados, nos tornamos “amaldiçoados” — ou seja, separados de Deus. Como Paulo diz em Romanos 6:23, “o salário do pecado é a morte”, e essa separação é a morte espiritual. Essa, sim, deve nos causar lágrimas (Salmos 51:11; 2 Coríntios 7:10), porque nos corta da presença de Deus, pois o pecado gera morte (Tiago 1:15).



Essa é a morte pela qual devemos chorar, pela qual devemos ser vigilantes para não sermos pegos por ela, por nossa própria cobiça, nosso ego, nosso orgulho. Ser provado pode ser inevitável — mas pecar não é (1 Coríntios 10:13).

Que Deus te conceda o Seu Espírito (Gálatas 5:16-17), para te conduzir cheio de amor, para não pecar contra Ele e assim não te matares espiritualmente.

terça-feira, 13 de maio de 2025

Como lidar com o vilão da Ansiedade?



Quando a Paz Guarda a Porta

Texto base: Filipenses 4:6-7 (ARA)
"Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças.
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus."


Ansiedade. Essa palavra, que ecoa em diagnósticos clínicos e silêncios profundos, foi enfrentada pelo apóstolo Paulo não de um púlpito acolchoado, mas de dentro de uma prisão. O apelo dele não é frio nem teórico — é pastoral, urgente e vivo. Ele escreve a uma igreja generosa, mas pressionada, lembrando-a de uma chave espiritual que transforma ambientes internos: a entrega consciente das preocupações a Deus por meio de três práticas espirituais distintas — oração, súplica e ação de graças.

1. Oração: A aproximação relacional

No grego, proseuchē descreve a oração como expressão devocional e reverente — o momento em que reconhecemos quem Deus é, antes mesmo de falar sobre o que queremos. É uma entrada no santuário, um movimento de fé que diz: "Pai, eu sei com quem estou falando." Não é só lista de pedidos. É comunhão. Oração, nesse contexto, nos recentraliza, alinha nossa alma à presença de Deus antes de tudo.

Implicação:
Antes de correr ao que nos falta, entramos em quem Ele é. O coração ansioso precisa disso: um lugar de refúgio, não apenas respostas rápidas.


2. Súplica: O clamor vulnerável

A palavra deēsis se refere à súplica — um clamor intenso, íntimo, muitas vezes acompanhado de lágrimas. A súplica revela que há liberdade para sermos vulneráveis com Deus. É diferente da oração comum porque carrega urgência. Paulo não invalida nossa dor nem a minimiza. Ele nos dá permissão para abrir a alma. A súplica é o grito do coração que confia.

Implicação:
Deus não espera orações polidas. Ele acolhe súplicas partidas. É possível confiar e ainda chorar — e isso também é fé.


3. Ação de graças: A memória da fidelidade

Eucharistia — essa é a expressão usada aqui. Ação de graças não é um detalhe decorativo da oração, mas uma parte vital da resposta espiritual à ansiedade. A gratidão é o olhar que se recusa a ser moldado apenas pela falta e passa a enxergar a fidelidade passada como profecia do cuidado futuro.

Implicação:
Quando agradecemos mesmo antes de ver a resposta, estamos dizendo: “Tu és bom mesmo quando eu não entendo.” A gratidão transforma a oração em adoração.


A paz como sentinela

Então, Paulo nos surpreende com uma promessa: “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente.”
A palavra guardará no grego (phroureō) é militar. A imagem é de soldados em vigília, protegendo o interior da cidade contra invasores. A paz de Deus não é uma emoção, mas uma força espiritual que ocupa um posto estratégico — entre o coração (emoções) e a mente (pensamentos).

Aplicação prática:
Você não precisa esperar que tudo mude para ser guardado pela paz. Basta entregar tudo — com oração, com clamor, com gratidão.
Faça da oração seu abrigo, da súplica sua honestidade, e da gratidão sua resistência.
E então, a paz, que o mundo não entende, começará a guardar o que você não consegue controlar.


Oração final:
Senhor, ensina-me a entrar em Tua presença com confiança, abrir meu coração com liberdade e lembrar da Tua fidelidade com gratidão. Que a Tua paz guarde o que eu não consigo mudar. Em Cristo Jesus. Amém.



Se você está sofrendo é porque está em pecado! Será?

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